Somehow, Winter and its mists become Fiais da Beira.
Now I know. Nevertheless, before staying at Stroganov Hotel this small village, not far from Coimbra and near to Oliveira do Hospital (you better use your GPS to get there), was a blank space on the map.
In November, out of the blue, I received a warming e-mail from Marina Kartashova, the owner and the mentor of Stroganov Hotel, introducing herself and her project. At first I was a little bit intrigued by all that — what the hell is doing a Russian interior designer in a remote part of Portugal? A five star hotel in the middle of nowhere, really? —, but since I’m very often driven by my curiosity, I was naturally curious about another unknown fact: Stroganov Hotel is inspired by a 19th century love story between Juliana de Almeida e Oyenhausen, aka Julia Stroganova, and Grigory Alexandrovich Stroganoff — Juliana was a Portuguese noble lady but history claims that, despite her past as the official mistress of Junot (the regent of French-occupied Portugal in 1807-1808) or as the wife of the 2nd Count of Ega, her true passion (and last husband) was count Stroganoff, a high-ranking member of Russian nobility.
I said yes.
A former teacher and wedding planner in Russia, Marina developed an interest in buying historical falling-down houses in Europe to recover them. Hungary was her first choice but Portugal proved to be a better choice. She bought a 1898 ruined mansion in Fiais da Beira, surrounded by pinewoods, quiet neighbours and old straw barns.
It sounds almost too good to be true, right? Well, her romantic ideals were very quickly put through their paces.
After a bureaucratic nightmare and endless works, instead of a guest house, her first plan, she ended up with a five star hotel featuring 12 different themed rooms (Oriental, Azulejos, Dacha, Jewellery Box, Chocolate…), a restaurant, a spa and facilities for hosting events. My impression upon arrival, late in the evening, was that Stroganov Hotel is a trompe-l’oeil fantasy. Some might consider the animal prints patterns, the strong colours, the Neoclassical style faux columns, the brocades, the canopy beds or the profusion of bisque ornaments overdone and excessive, but, come on, aren’t Russians known for being passionate and intense?
Part of the fun of staying at Stroganov Hotel is that, for a single night or a few days, we feel like a character of a Dostoevsky‘s novel. Having Marina — and her beloved Sheltie (a mini-Collie) named after count Grigory as Griska — as our hostess helps a lot too; specially when she joins you to dinner at Chaminé Russa and, apart from the Portuguese inspired dishes and Quinta da Alorna wines, she starts to encourage us to have a delicious typical Russian pearl barley soup or to sip chilled vodka shot glasses with homemade gherkins.
I drink to that.
De certa forma, o inverno e a neblina condizem com o cenário de Fiais da Beira.
Agora sei. A verdade é que, até à minha estada no Stroganov Hotel, esta pequena aldeia, não muito longe de Coimbra e nas cercanias de Oliveira do Hospital (é bom que usem um GPS para aqui chegar), era uma verdadeira incógnita para mim.
Tudo começou em novembro quando, do nada, recebi um e-mail caloroso de Marina Kartashova, a proprietária e mentora do Stroganov Hotel, a apresentar-se a si e ao seu projeto. Comecei por ficar, sou sincero, intrigado — mas que raio foi fazer uma decoradora de interiores russa para parte incerta de Portugal e, ainda para mais, com um hotel cinco estrelas?, interroguei-me.
Felizmente, sou muitas vezes levado pela minha curiosidade, e curioso fiquei, para dizer o mínimo, com um outro facto até então igualmente desconhecido para mim: este hotel é inspirado por uma estória de amor vivida no século XIX entre a portuguesa Juliana de Almeida e Oyenhausen, conhecida como Julia Stroganova, e o russo Grigory Alexandrovich Stroganoff — Juliana aparece nos anais de História como uma dama que, não obstante ter sido apontado como amante oficial de Junot durante a invasão napoleónica de Portugal (1807-1808) e mulher do segundo conde de Ega, viveu o seu derradeiro amor ao lado do conde Stroganoff, da ilustre família russa, com quem se casou e teve uma filha.
Posto isto, aceitei o convite.
O ensino e a organização de festas de casamento na Rússia ficaram para trás, pois Marina, enquanto decoradora de interiores, descobriu uma nova vocação: comprar casas históricas em mau estado na Europa para as recuperar. A Hungria foi a sua primeira escolha, mas Portugal acabou por levar a melhor. Anos atrás, ela comprou uma casa em ruínas de 1898 em Fiais da Beira, rodeada de pinhais, vizinhos pacatos e velhos palheiros de pedra. Descrito assim tudo ronda a quase perfeição, não demorou muito, porém, para que a perseverança de Marina fosse posta à prova.
Depois de muita burocracia e de vários empreiteiros que tardavam a entender o pretendido, Marina acabou não com uma casa de hóspedes, como sonhara no início, mas com um pequeno hotel de luxo de apenas 12 quartos temáticos — a decoração de cada um inspira-se em coisas como o chocolate, uma caixa de joias, os azulejos portugueses, uma casa de campo russa ou o estilo oriental —, um restaurante, um spa e salões para receber eventos.
À chegada, já o breu se havia instalado, a minha primeira reacção foi: isto é uma verdadeira fantasia trompa-l’oeil! Muitos apressar-se-ão a catalogar os padrões animais, as cores vibrantes, as colunas neoclássicas de imitação, os brocados e camas de dossel ou a profusão de ornamentos em biscuit como excessivos, mas, há que reconhecer que parte da graça disto tudo está, precisamente como no temperamento russo, nessa intensidade, nesse arrebatamento.
Isso e o facto de, seja por uma noite ou por vários dias, nos sentirmos aqui como personagens saídas de um romance de Dostoevsky. Claro, ter Marina — e ao seu pequeno Griska, o cão da raça Sheltie (Collie menor), batizado em homenagem ao conde russo Grigory — como anfitriã ajuda muito; especialmente quando ela se junta a nós à mesa do Chaminé Russa, o restaurante, e, como complemento aos pratos de inspiração portuguesa e vinhos da Quinta da Alorna, nos incita a provar uma deliciosa sopa russa de cevadinha ou a enfiar goela abaixo shots de vodca gelado para acompanhar os pepinos de conserva preparados na casa.
Bebo — e brindo — a isso.
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Stroganov Hotel | Portugal, Estrada Ponte da Atalhada, 14, Fiais da Beira. Rooms start at €65-70 per night (double occupancy)
jms is wearing Zara Man AW’16-17 (oversized parka)