“I am extremely happy and proud to announce that we have secured a stunning location and set the wheels in motion to launch a new Viajante (…) Our new site looks out onto the riverfront in Wapping, a beautiful and interesting neighborhood with some of the most impressive properties in our beloved city”.
After a second coming, with the opening of Chiltern Firehouse and Taberna do Mercado, Nuno Mendes, the talented Portuguese chef based in London, is now committed to open a new Viajante (traveller in Portuguese just in case you are wondering what it means) in a district of East London known for its strong maritime character and riverside public houses. The original Viajante opened in 2010 at Town Hall Hotel (Bethnal Green) became very quickly noticed in the London restaurant scene thanks to Mendes’ imaginative and somehow subversive approach to cuisine — in the way that he, as a molecular master, redesigns traditional ingredients, blends global influences and creates dazzling combinations of flavors and textures.
The restaurant was awarded a Michelin star in 2011 and the Lisbon-born Nuno Mendes was gaining influence among his fellow chefs on The World’s 50 Best Restaurants list. So I was quite surprised when he left in 2014 — not only for Viajante, but also for its younger sibling, The Corner Room, simpler yet so damn good and reasonably priced.
As head chef of the glamorous Chiltern Firehouse (a project by the globetrotter hotelier André Balazs in the fancy neighborhood of Marylebone) did not disappoint, but Mendes clearly refrained a little bit his avant-garde experiments in order to please a normcore and celeb clientele. The opening of Taberna do Mercado early this year confirmed what he already knew: he is at his best in the East End and he is determined to give his contribution to modern Portuguese cuisine — once he told me, during an interview, that he was waiting for the right invitation to open a restaurant in Portugal, but I guess we have to wait a little longer for that.
Specially now with a new Viajante on his mind. To make it happen in 2016, Mendes is using social media to promote the idea and to encourage people to co-finance it via crowdfunding. Looking forward to hearing the good news — I guess I d0n’t speak only for myself if I say that we’ve been missing Viajante’s experimental and provocative cuisine.
Nuno Mendes, o chef português que encontrou em Londres o seu lugar no mundo, voltou às redes sociais — em especial ao Instagram — por uma boa causa: anunciar que já encontrou, no bairro londrino de Wapping, o spot perfeito para instalar o novo Viajante.
É um regresso anunciado ao East End londrino, depois de ter sido notícia em 2014 quando saiu do primeiro Viajante, em Bethnal Green, para se tornar chef executivo do badalado Chiltern Firehouse na chique Marylebone (o restaurante-bar do primeiro hotel do empresário André Balazs na capital britânica). Não que Mendes tenha desapontado com o seu trabalho, mas para quem o seguiu até então foi clara uma aposta mais segura, e já não tão avant-garde como antes, para se adequar a uma clientela essencialmente mundana e de celebridades — o que é compreensível.
Recentemente, já este ano, Mendes, que sempre pensou pela sua cabeça e se tornou conhecido pelo arrojo e sentido de provocação, abriu a Taberna do Mercado. Certa vez, durante uma entrevista, o chef, nascido em Lisboa mas a viver fora desde os seus tempos de estudante, confessou-me que gostaria de abrir um restaurante em Portugal mas que não havia recebido até então uma proposta digna de ser considerada. Ainda não foi desta, mas com a Taberna londrina ele quis deixar claro que está nas primeiras fileiras e que faz da projeção internacional da gastronomia portuguesa uma das suas causas.
Acho no entanto que não falo só por mim quando digo que tenho sentido falta do espírito do Viajante — e, já agora, do experimentalismo de The Loft Project ou de The Corner Room, o restaurante mais informal, mas tão bom e justo no preço, que ficava igualmente no Town Hall Hotel. O Viajante original, aberto em 2010, demorou apenas um ano para ganhar a sua primeira estrela Michelin, o que é um feito e tanto se pensarmos que Mendes, muito influenciado pelas cozinhas modernas espanhola e japonesa, deu provas de grande imaginação ao subverter ingredientes tradicionais e ao criar combinações de sabores e texturas longe do óbvio — estou a lembrar-me, por exemplo, da pele do leite ou da do bacalhau, servida crocante. O que nem sempre cai no goto dos inspetores conservadores da Michelin. A verdade é que, no Viajante, ele conseguiu agradar a uns e a outros — era notória, por outro lado, a sua crescente influência entre a nova geração dos chefs mais mediáticos da lista anual The World’s 50 Best Restaurants.
A escolha de Wapping, um bairro ribeirinho com uma arquitetura muito particular, para a volta do Viajante é providencial. É no East End que Mendes parece estar no seu elemento natural, mas nem tudo está ainda assegurado. O chef recorreu ao crowdfunding para amealhar o dinheiro em falta e o seu apelo vai no sentido de motivar a comunidade gourmand a participar no co-financimento do restaurante. A viagem já começou. Só falta chegar a bom porto.
Words by jms | All rights reserved for photo (picture: Jon Enoch/Standard)